Um estudo apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia,
realizado em Roma, confirmou que a melhora do fluxo sanguíneo causado
pela substância estatina, além de equilibrar os níveis de colesterol (um
álcool considerado gordura, produzido pelo organismo), é capaz de
trazer benefícios que ajudam a diminuir a disfunção erétil, mais
conhecida como impotência sexual.
A estatina está presente basicamente nos remédios voltados ao combate
das altas taxas de colesterol, especialmente o ruim (LDL), no sangue.
Mas seu efeito, segundo apontou este estudo feito na Grécia com 100
pacientes entre 40 e 70 anos, divulgado também pelo urologista Daher
Chade, do Hospital Sírio-Libanês, tem a função de desmistificar a ideia
de que a substância seria prejudicial para a ereção. Essa é a opinião do
urologista Marcelo Langer Wroclawski, do hospital Albert Einstein,
contatado pelo R7.
— Ao analisar um estudo devemos levar em conta o seu objetivo. É
importante ressaltar que esse estudo provavelmente vem para
desmistificar a ideia de que as estatinas causariam disfunção erétil.
Era uma ideia que se tinha anteriormente e fazia alguns pacientes
abandonarem o tratamento com receio de que poderiam ter dificuldades de
ereção por causa da substância.
De acordo com os pesquisadores, 43% dos homens com colesterol alto, que
no estudo foram medicados com estatina, tiveram claras melhoras em sua
função erétil. Em artigo do Telegraph publicado no último dia 31 de
agosto, o médico Alexios Samantzas, do Elpis Hospital de Atenas, Grécia,
disse que os resultados são "muitos significativos". Ele afirmou que a
melhora obtida por pacientes em relação à disfunção erétil é "cerca da
metade da causada pelo Viagra (fármaco para facilitar ereções)".
A Sociedade Brasileira de Urologia afirma que cerca de 50% dos homens
acima dos 40 anos apresentam algum grau de disfunção erétil. Dentro
desta faixa, segundo pondera Wroclawski, podem estar incluídos pacientes
com problemas cardiovasculares.
— Colesterol alto e triglicérides têm relação com vasculopatia (doenças
vasculares) e isso isso aumenta a chance de infarto do coração. O
mecanismo de ereção envolve vasos sanguíneos, já que o pênis é uma
espécie de bomba de sangue, um reservatório para a ereção. Se imaginamos
que o depósito de colesterol nas coronárias pode eventualmente ocorrer
no pênis, tal ideia pode justificar que o colesterol alto provoque
disfunção erétil.
Objetivo específico
Wroclawski, porém, ressalta que a estatina, ainda que possa trazer
alguns benefícios na questão da ereção, não pode ser utilizada
diretamente para isso.
— Não é para se tomar a droga com o objetivo de tratar de disfunção erétil.
A mesma ressalva fez Samantzas a respeito da estatina. A substância
costuma ter duas contra-indicações básicas, conforme afirma Wroclawski:
mialgias, principalmente com dor na perna, e alteração das enzimas do
fígado, o que modifica o metabolismo e é prejudicial.
São casos que, dependendo da intensidade, podem até interromper o
tratamento com estalina, que geralmente é usado após as mudanças de
hábito de vida (prática de exercícios) e alimentação não surtirem efeito
desejado. E se o paciente tiver histórico familiar de colesterol alto.
Deu do R7