Caso as expectativas de mercado se confirmem, será a primeira redução
dos juros básicos desde agosto de 2012, quando a Selic recuou de 7,5%
para 7,25% ao ano.
De acordo com dados do último Boletim Focus, relatório divulgado
semanalmente pelo BC com as perspectivas de mercado, o comitê deve
cortar os juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, para 14% ao
ano, e em 0,75 ponto percentual até o final do ano, finalizando 2016 em 13,5% ao ano.
De acordo com o diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac
(Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a confirmação da
redução dos juros básicos a 14% ao ano terá um efeito muito pequeno nas
operações de crédito.
— Existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de
juros cobradas aos consumidores que na média da pessoa física atingem
158,47% ao ano provocando uma variação de mais de 1.000,00% entre as
duas pontas.
Na última reunião do grupo, realizado no final do mês de agosto, a decisão pela nona manutenção da Selic no maior patamar desde outubro de 2006
foi tomada por unanimidade. Na nota com o resultado do encontro, o
Copom afirmou que há “evidências de que a economia brasileira tenha se
estabilizado recentemente e sinais de possível retomada gradual da
atividade econômica”.
Ao manter a taxa no patamar atual, o BC manifestou que a inflação ainda
não estava totalmente controlada, mas não deve subir nos próximos meses.
A percepção é possível porque a Selic serve como um dos instrumentos da
economia para manter a inflação de preços controlada. O fato acontece
porque os juros mais altos fazem o crédito ficar mais caro, reduzem a
disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Com isso, fica mais evidente o corte da taxa básica de juros ao observar
que a inflação oficial, calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) avançou apenas 0,08% na passagem de agosto para
setembro. Trata-se do resultado mais baixo para o mês desde 1998.
Selic
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e
funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A
taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as
instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar
dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma
de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os
bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A Selic só influencia o rendimento da poupança quando é igual ou
inferior a 8,5% ao ano. Ou seja, com a taxa no patamar atual, vale mais a
pena buscar alternativas mais atrativas de investimento.
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